As histórias infantis constituem boas oportunidades para que a criança entre em contato com medos, conflitos e ansiedades. Não é à toa que são eternas as histórias de lobos e madrastas malvados, bruxas com encantamentos e, por outro lado, fadas benfeitoras e crianças inocentes. Em suas brincadeiras, as crianças representam vários papéis.
No faz-de-conta, brincam, brigam, disputam brinquedos entre si, fazem as pazes e, desse modo, estão descobrindo meios de lidar com suas emoções e reorganizando seus pensamentos. Reservamos sempre um tempo da aula para ler um conto de fadas para a turma. Esses momentos se tornam muito agradáveis, sem exigir de imediato o silêncio dos alunos, como se fossem "obrigados" a ficar imóveis e mudos para ouvir a história. Em vez disso, procuramos envolve-los na atividade, tornando-a bem mais interessante.
No casarão do morro alto
vive gente muito estranha.
Bruxas, fantasmas, dragões,
há mil anos lá se escondem.
Wilson é o dragão. Basta o sol se pôr e a lua aparecer que Wilson se levanta, faz a terra estremecer. Empina a cabeça, balança o rabo, bate as patas, sacode a pança, solta fogo pela boca, dança baião, roque e forró. Wilson é uma danação só.
Rebeca é uma múmia, há mil anos enrolada numa faixa de mil metros, daquelas lá de farmácia. Veio de longe, do Egito. Vivia em tumba de ouro, dentro de enorme pirâmide. Talves fosse uma princesa, quem sabe uma rainha? Estava pouco contente. O deserto é muito esquisito: nem planta, nem água por perto. De dia calor muito quente, à noite congela a genta.
Samuel é o vampiro de capa, cartola, elegante.
Sai à noite perfumado, tem na mão flor encarnada.
Vai, até, ao cemitério, onde mora Brida vampira.
- Vou amá-la por mil anos, minha Brida, minha vida.
Dar-lhes filhos bem bonitos, muito sangue, bem fresquinho.
Bartolomeu é o homem-lobo, todo coberto de pêlo, se coçava todo tempo das perebas de carrapato. Tinha fama de malvado, mau humor e enfadado.
Aí o veterinário deu-lhe remédio do mato, aliviou as coceiras. Bartolomeu ficou contente, simpático e sorridente, amigo de toda gente.
Vilma é bruxa-cozinheira, Cozinheira de mão cheia. Faz comida bem gostosa, pastel de tripa de peixe, sapo de veneno de cobra, baratas fritas, baba de sapo.
Tudo fresco, bem quentinho.
Quentinho, feito na hora!
No casarão do morro alto
vive gente muito estranha...
JOÃOZINHO E MARIA
